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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

POMBAGIRA O MITO DESCONHECIDO




Uma rosa vermelha enfeita os longos cabelos de uma mulher sensual que gira e gira com sua saia rodada. 


Ela dança, fuma cigarrilha, bebe cachaça e conquista todos os homens com seu jeito faceiro. 


Esta é a Pombagira, ou Exu-mulher, uma das entidades da Umbanda e do Candomblé.

Na verdade, não é apenas uma, mas muitas, como a Pombagira Rainha, a Sete-Saias e a Menina de Praia, entre outras. 


Nenhuma delas, porém, com a notoriedade da Pombagira Maria Padilha, que, segundo a tradição, teria sido uma rica cortesã no século 14, amante de sete homens, incluindo o soberano do reino de Castela, atual região espanhola.

O conceito e o papel da Pombagira variam segundo a religião e, ainda, entre as facções internas das crenças. 





Na Umbanda, por exemplo, enquanto para uns a face feminina de Exu é considerada a mensageira dos orixás, a corrente mais ligada ao Cristianismo acredita que Pombagira seja uma entidade negativa, geralmente associada à mulher de Exu-diabo.


Há ainda outra linha, com maior influência da doutrina espírita, que vê a mensageira como um espírito em evolução.

Já no Candomblé, dependendo da tradição, a Pombagira aparece como a mulher de Exu ou é considerada o próprio Exu, excluindo-se a figura feminina. "O termo Pombagira é uma adaptação brasileira da palavra PAMBU NZILA, que significa Exu no dialeto banto.

Seja como for, em ambos os casos ela é sempre considerada uma divindade positiva.





Apesar desse aspecto positivo, a figura da Pombagira freqüentemente é associada pelo senso comum com uma entidade maléfica. Entretanto,

segundo a antropóloga das religiões Liana Trindade, autora do livro Exu: Poder e Perigo, essa caracterização demoníaca da Pombagira, assim como

de Exu, é fruto da preponderância da visão cristã do mal na sociedade em geral. "O Cristianismo sempre reprimiu o sexo, ao contrário das religiões de origem africana, nas quais a atividade sexual não é pecado", afirma

Liana. "Outro ponto importante em relação à Pombagira é o fato de ela ter a mesma força de Exu, o que reflete um tratamento mais igualitário dado aos sexos pelos credos afro-brasileiros."


Em geral os fiéis recorrem à Pombagira para solucionar problemas afetivos, como arranjar casamento, mas também há pedidos para sucesso nos negócios, nos estudos e outras pendengas. 

Em troca, a mensageira exige algumas oferendas, como tecidos de seda, velas e rosas vermelhas, jóias, perfumes, cigarro e padê (farofa com mel). Tudo deve ser posto em uma encruzilhada em forma de T, que representa o órgão sexual feminino. 

E, em se tratando de uma entidade, digamos, tão fogosa, o toque final, claro, só poderia ser um: muita sensualidade no pedido. "O devoto deve incorporar o mesmo clima da Pombagira durante o culto para que seu desejo seja atendido".




Oferenda para unir um casal sob proteção da pombogira



 

Um comentário:

  1. Olá...! Primeiro eu gostaria de dizer que gostei muito da matéria! Seus textos são excelentes e bastante instigantes! Eu tenho certa admiração e curiosidade no assunto. E então eu gostaria de saber, se fosse possível pra você me explicar todo esse sincretismo com a religião cristã que foi feito e que obrigou.a essas entidades a adotarem nomes tão pesados como Lúcifer, Rainha dos infernos, diabo e por aí vai...! Veja bem, não estou tachando nada, ok...?! Mas eu gostaria de saber como ver essas entidades ou divindades de uma forma positiva com esses epítetos tão pesados! Um abraço! E mais uma adorei o texto!

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